Ainda é possível ter rendimento de R$ 1 mil por mês com R$ 100 mil investidos?

Assessores de investimento explicam a "errada regra do 1%"

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Investir R$ 100 mil em renda fixa e esperar um retorno líquido (já descontado o Imposto de Renda) de 1% ao mês – neste caso, R$ 1 mil mensais, já pode ser considerado inviável. Com a decisão anunciada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na última quarta-feira (6), os investidores que estavam confortáveis com seus investimentos em renda fixa terão agora que buscar novas alternativas para obter um rendimento maior.

Roberto Indech, analista-chefe da Rico Corretora, explica que a rentabilidade dos investimentos de renda fixa depende muito do momento das taxas de juros e, com a taxa Selic em 7% ao ano, não há investimento conservador que renda 1% ao mês. “Em 2015, quando a Selic estava em 14,25% ao ano, o rendimento em renda fixa era melhor e o investidor conseguia ganhar de forma mais fácil. Agora, com a taxa de juros em 7% a.a., só vamos conseguir retornos de 0,5% ou 0,6% ao mês”. 

Indech explica que, no momento, dificilmente o investidor irá encontrar boas rentabilidades na renda fixa, já que o máximo de rendimento que pode obter é de 0,65% ao mês em CDBs (Certificado de Depósito Bancário) que pagem 120% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). “Para conseguir retornos melhores o investidor vai ter que sair do conservadorismo e da renda fixa. Ele vai ter que buscar algo mais agressivo no mercado, como fundos multimercados ou fundos imobiliários. Alguns fundos multimercados mais agressivos, por exemplo, podem pagar até 150% do CDI, o que pode chegar mais próximo do 1% ao mês”, diz.  

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Para Juliano Custódio, assessor financeiro e autor do blog EuQueroInvestir!, é errado buscar o ganho de 1% ao mês. Segundo ele, o objetivo do investidor deve ser o de ganhar 5 ou 6% ao ano mais que a inflação. “As pessoas acham que o certo é ganhar 1% ao mês, mas essa não é a ideia. Hoje a pessoa precisa buscar muito risco para conseguir ter algo próximo disso, como aumentar a parte do seu portfólio em fundos multimercados e ações”, diz.

Ele destaca a importância de observar o ganho real em detrimento dos juros nominais: “Mesmo com a queda da Selic conseguimos ganhar os mesmos juros reais, porque a inflação também caiu. Até 2015, com a Selic a 14% ao ano, e a inflação em 10%, quase 11% a.a. tínhamos 4% a.a. de juros reais. Hoje temos 5% a.a. de juros reais, ou seja, estamos ganhando mais que antes. Os títulos do Tesouro Direto, por exemplo, baixaram pouco a sua rentabilidade real”. E completa: “Se os juros continuarem baixos, nunca vamos conseguir ganhar 1% ao mês”.

Com um cenário de juros mais baixos, Custódio explica que o investidor mais conservador não vai conseguir retorno de 1% ao mês e que deve buscar obter retornos acima da inflação. Já o investidor com um perfil um pouco mais arriscado pode buscar aplicar cerca de 6% da carteira em fundos de crédito, fundos multimercados com baixa volatilidade e até fundos com investimento no exterior, por exemplo, de forma a melhorar sua rentabilidade.