Lyoto Machida: as estratégias do campeão do UFC nos ringues e nas finanças

Renda fixa ou renda variável? O lutador do UFC conversou com o InfoMoney sobre seus investimentos

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – A arena em Las Vegas, nos Estados Unidos, está lotada. Apesar de uma escuridão na plateia, o centro é iluminado. Dois homens se enfrentam: um brasileiro, o outro americano. A multidão vai à loucura. É a última luta – e um deles sairá vencedor.  

Um cruzado de direita pega de raspão. Ele é seguido por um direto de esquerda, jab e um cruzado de esquerda que nocauteia. Acabou. “E o novo ganhador, por nocaute, de meio-pesado do mundo é Lyoto, o Dragão, Machida”, anuncia ao microfone o árbitro do UFC, para todo mundo ouvir.

Era maio de 2009 e o começo da carreira de Campeão do UFC para o baiano Lyoto Machida. Filho de pai japonês e mãe brasileira, Lyoto cresceu no mundo das lutas e foi ganhando experiência nas diferentes variações do esporte. “Na minha vida isso foi um processo natural. Eu sempre lutei, competi. Além do karatê, eu competia sumô (como amador), e tudo isso ia fortalecendo o meu espírito competitivo e a técnica”, contou ao InfoMoney. Antes de se profissionalizar, Lyoto competiu dentro do karatê e teve títulos de Pan-Americano, onde foi campeão brasileiro.

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Aos 23 anos, Lyoto se tornou lutador profissional de MMA (Mix de Artes Marciais) e, apesar de ganhar dinheiro na época, conta que os gastos com condicionamento físico e treinamento eram – e são – extremamente altos, o que o impedia de investir as sobras do mês.

Foi somente aos 29 anos que começou a ganhar mais dinheiro com a luta e, principalmente aos 31, quando ganhou o Cinturão. “Antes [de ser campeão] eu ganhava dinheiro, mas eu sobrevivia. Vivia bem, mas não conseguia juntar dinheiro porque era para investir na minha carreira: pagar os treinamentos, os treinadores, viajar para fazer intercâmbio etc. E a quantidade de patrocínio não era grande. Depois o esporte cresceu muito, ficou mais forte e a quantidade de patrocínio aumentou”.  O lutador conta que separa uma média de 10 a 15% do valor que arrecada com as lutas para cobrir custos relacionados ao esporte.

Assim como no futebol, o UFC paga de acordo com o valor de cada lutador, explica Lyoto. O salário, porém, não é mensal, mas por luta. “Quem ganha mais são as estrelas, os lutadores que são campeões, o que não é o meu caso – porque eu já fui campeão”, diz.

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De acordo ele, os lutadores que são “top” mas não são as grandes estrelas ganham em média entre US$ 100 mil e US$ 700 mil por luta: “O UFC tem cerca de 550 lutadores que recebem essa faixa ‘salarial’, mas apenas cinco deles – os melhores – ganham mais de US$ 2 milhões”.

Aplicações financeiras

O lutador conta que sempre se interessou por investimentos e que costumava acompanhar atletas profissionais: “Eu via a facilidade que eles ganhavam e perdiam dinheiro, por isso sempre fui muito preocupado e no início não sabia onde investir”, conta.

Lyoto conta que seu primeiro investimento foi no mercado imobiliário, mas que depois percebeu que queria algo diferente e procurou seu colega de infância, atualmente seu assessor financeiro, que mora na Flórida, nos EUA.

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Para organizar suas finanças, a forma que o lutador encontrou foi por dividir as contas nos Estados Unidos e no Brasil. O dinheiro que ganha nos EUA ele desconta uma quantia para pagar as contas e o restante é investido em fundos de investimento conservadores, que compram dívidas de grandes empresas. “Eu invisto o dinheiro por um ano e no final do ano tiro para pagar os impostos”. Ele explica que chega a ter uma rentabilidade de 7 a 10% ao ano.

Enquanto lá fora ele investe em fundos, no Brasil o lutador investe atualmente em CDBs (Certificado de Depósito Bancário) e outras aplicações pós-fixadas atreladas ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). “Eu deixei de lado os imóveis porque eles eram mais passivos que ativos”, explica.

Estratégias de investimentos

Lyoto conta que assim como na luta, investir também é um constante aprendizado e que requer conhecimento, prática e estudo. “Nos dois você precisa analisar os pontos fracos e fortes (do adversário e das aplicações disponíveis), precisa saber onde consegue ganhar e quando pode perder e é preciso ter um foco bem definido para que você mantenha a estratégia do início ao fim”, diz.

Segundo ele, outro paralelo que pode ser feito diz respeito às emoções. “É preciso controlar suas emoções”, diz. “Na luta é muito importante esse controle emocional e no investimento é a mesma coisa. Às vezes você investe um dinheiro, perde no início, fica preocupado, mas depois lá pra frente volta a ganhar de novo. Se você mudar de estratégia, pelo calor do momento, você pode estar perdendo a chance de ganhar depois”, completa.

Lyoto conta que a pressão no UFC é muito grande, independentemente da situação: estreando, campeão mundial e até mesmo luta na cidade natal. Para lidar com isso, o lutador aposta em exercícios, treinamentos e meditação.

“Eu sempre me preocupo em não deixar dinheiro parado, em sempre ficar investindo. Hoje, depois que passei um tempo sem lutar e praticamente fiquei sem a renda da luta – que mais dá dinheiro – comecei a pensar no que preciso fazer para crescer mais”, contou, se referindo à suspensão de 18 meses após uso de substância proibida pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada).

“Às vezes nos preocupamos muito com status: investimos em carro, carros de luxo, em passivos ao invés de ativos e isso é muito ruim para o nosso seu crescimento”, conclui o lutador.

Outras fontes de renda

Além das lutas do UFC e de seus investimentos no Brasil e nos Estados Unidos, Lyoto comprou uma academia com sua esposa na Califórnia (EUA) para divulgar sua marca e o estilo de vida do karatê. Voltada para a defesa pessoal, a academia “Machida Academy” foi inaugurada no ano passado e conta atualmente com 150 alunos. O objetivo, segundo ele, é que o empreendimento ganhe uma expansão nos próximos anos por meio de franquias.

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