Bancos podem ganhar R$ 12 bilhões por mês com o dinheiro da sua poupança

Instituições cobram em média 7% ao mês por empréstimos, mas só pagam  0,37% pelo dinheiro dos clientes na poupança; um negócio da China para os banqueiros, mas péssimo para você

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Dona Maria foi ao banco e disse que tinha R$ 5 mil para investir. Luciana comentou com o gerente que iria receber uma herança de R$ 50 mil. Luis chegou na agência e pediu um investimento seguro.

Sabe o que estes três personagens têm em comum? Todos receberem a mesma sugestão do gerente da conta: investir na caderneta de poupança.

Para os bancos, a poupança é um ótimo negócio – não é à toa que os gerentes costumam oferecê-la em vez de mostrar opções bem mais vantajosas e até seguras para o cliente, como o Tesouro Direto.

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A explicação é a seguinte: as regras do crédito imobiliário exigem que 65% dos recursos da poupança sejam aplicados em financiamento imobiliário e 80% desse valor precisa ser emprestado segundo as condições do SFH (Sistema Financeiro de Habitação), que oferece taxas mais baixas.

Outros 20% dos recursos da poupança precisam ser recolhidos pelo chamado ‘encaixe obrigatório’ do Banco Central – uma espécie de depósito compulsório, dinheiro que os bancos não podem emprestar.

Já os 15% restantes podem ser utilizados para oferecer empréstimos muito mais caros para os clientes, e é principalmente isso que torna a poupança tão interessante para estas instituições.

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Vamos fazer algumas contas. Do saldo atual de R$ 776 bilhões na poupança, R$ 116,5 bilhões (equivalente a 15%) podem ser emprestados livremente.

Segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), a taxa de juros média cobrada pelos bancos em outubro foi de 6,86% ao mês, o que significaria uma receita média de R$ 8 bilhões por mês utilizando o dinheiro da poupança disponível para realizar empréstimos diversos.

Já para os 65% (R$ 500 bilhões do saldo da poupança) que os bancos emprestam para o crédito imobiliário, vamos considerar uma taxa média de 9% ao ano (cerca de 0,72% ao mês) – em linha com as mais baixas cobradas atualmente. Neste caso, a receita ficaria em torno de R$ 3,8 bilhões por mês.

Por outro lado, segundo dados do Banco Central, o rendimento de todas as cadernetas de poupança foi de R$ 2,95 bilhões em outubro.

Isso quer dizer que os bancos pagam menos de R$ 3 bilhões pelo seu dinheiro que está na poupança e podem receber quase R$ 12 bilhões com as taxas de empréstimos e financiamentos bancários, uma diferença de R$ 9 bilhões.

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Este é o conhecido spread bancário – diferença entre a taxa que o banco paga para captar recursos no mercado e a que ele cobra para emprestar – famoso por ser altíssimo no Brasil.

Ficou claro por que é um baita negócio para o banco que você invista na poupança?

Opções muito melhores

Mesmo que você precise do dinheiro no curto prazo, existem opções bem melhores do que a caderneta de poupança.

Enquanto a poupança paga hoje 70% da Selic (taxa básica de juros) mais a TR, o que neste momento significa 0,37% ao mês ou 4,55% ao ano, o retorno do Tesouro Selic fica em 0,41% ao mês, ou 5% ao ano – já com o desconto do Imposto de Renda na alíquota mais elevada.

Outra alternativa bem mais vantajosa é o CDB (Certificado de Depósito Bancário) com liquidez diária – desde que pague ao menos 100% do CDI.

 Neste caso, você precisa investir por meio das corretoras de valores, que distribuem  CDBs de bancos menores que pagam um rendimento bem maior que os CDBs dos grandes bancos.

Para quem acha que poucos pontos percentuais não fazem diferença, nós provamos o contrário. Uma matéria do InfoMoney mostrou que se o apostador que ganhou R$ 64,9 milhões na Mega-Sena em 1999 tivesse colocado todo o dinheiro na poupança ele teria hoje R$ 274 milhões.

Já se tivesse aplicado o mesmo valor no Tesouro Selic, a pessoa teria hoje R$ 624 milhões– ou seja, R$ 350 milhões a mais. É uma diferença de rendimento absurdamente grande.

Segurança
Se você investe na poupança por conta da segurança, precisa saber que o Tesouro Direto é a aplicação mais segura do país do ponto de vista do risco de crédito (calote do emissor).

Isso porque Tesouro Direto é um título de dívida do Governo Federal – ou seja, você está emprestando dinheiro para o governo, que é o melhor de todos os pagadores.

Na poupança, o risco de crédito é do banco, que sempre vai oferecer menos segurança do que o país em relação a pagamentos de dívida – por maior e mais tradicional que seja a instituição.

Já em relação a um CDB, o risco da poupança é praticamente o mesmo para aplicações de até R$ 250 mil. Isso porque os dois têm a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que restitui o valor da aplicação até este limite em caso de falência ou insolvência do emissor.

Portanto, antes de investir na poupança lembre-se de que existem outras aplicações tão seguras quanto ela, e que oferecem um retorno muito maior. Quem mais ganha com a caderneta é o banco, e não você.

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Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip