Virou mico? Entenda por que os investidores estão tirando o dinheiro do Tesouro Direto

O professor do InfoMoney, Alan Ghani, aponta duas razões: menor rentabilidade e saques emergenciais

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Os saques do Tesouro Direto superaram os investimentos nos últimos 8 meses enquanto, na outra ponta, o número de investidores cadastrados atingiu o recorde histórico de 2 milhões em março.O total de investidores ativos também alcançou seu maior patamar, com 591.034 pessoas. O que esses números – inicialmente discrepantes – dizem sobre o Tesouro Direto? Será que o novo queridinho da renda fixa virou mico? 

Nem tanto. O professor do InfoMoney, Alan Ghani, conta que os recordes de investidores em títulos do governo são decorrentes do próprio esforço do Tesouro Direto em tornar a aplicação mais acessível, seja com a mudança nos nomes dos títulos – antes era uma sopa de letrinhas – como a liquidação em D+1, ou seja, saque do dinheiro no dia seguinte à solicitação dos valores. A propaganda de instituições financeiras também ajudou o Tesouro a alcançar níveis históricos. 

Mas se a aplicação é segura e tem liquidez diária, por que os investidores estão saindo dela? Ghani aponta duas razões: menor rentabilidade e saques emergenciais. 

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Os ganhos de todos os tipos de investimentos em renda fixa ficaram achatados com o corte da Selic para 6,50% ao ano – metade do valor em vigor apenas um ano antes. Com isso, mesmo investidores mais conservadores com suas aplicações começaram a buscar por ativos com maior rentabilidade, ainda que um pouco mais arriscados. 

“Eles estão migrando para outros investimentos, como fundos multimercados”, destaca Ghani. Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) retratam essa maior atratividade dos fundos multimercados no cenário de juros menores. 

O volume de investimentos em fundos multimercados mais do que triplicou nos últimos dois anos, passando de R$ 20,6 milhões em 2015 para R$ 69,4 milhões no ano passado. Em 2018, a captação líquida de todos os fundos de investimentos foi de R$ 49,9 bilhões no primeiro trimestre, sendo 84% desse total em multimercados e fundos de ações. No mesmo período de 2017, eles correspondiam a apenas 20% da captação da indústria.

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Do outro lado, a recuperação econômica iniciada em 2017 ainda não aliviou o bolso de todo mundo e a taxa de desemprego segue elevada. Dados do Banco Central mais recentes (de fevereiro) apontam que a taxa de inadimplência (atraso acima de 90 dias) para pessoas físicas no crédito livre era de 5%. Quanto o assunto é cartão de crédito, 13,8% estavam com as faturas atrasadas por um período de 15 a 90 dias. 

“Embora a economia ainda esteja se recuperando, tem muita gente endividada, muitos desempregados e no sufoco”, conta Ghani. 

A taxa de desemprego no Brasil realmente ainda segue elevada, com 13,1 milhões de pessoas em busca de um trabalho. A taxa mais recente (trimestre encerrado em fevereiro) subiu para 12,6% ante 12% no trimestre encerrado em novembro. 

Sobre os próximos meses, Ghani acredita que os saques podem continuar sendo mais elevados que os investimentos no Tesouro Direto. No entanto, a razão para isso deve ser muito mais pela busca de aplicações mais rentáveis – devido aos juros mais baixos – do que pela situação econômica dos investidores, que tende a melhorar com a economia brasileira.

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