S&P elogia fato da Petrobras ser estatal, mas diz que empresa precisa de R$ 20 bi

Graças ao seu extensivo plano de investimentos de US$ 236 bilhões nos próximos anos, é possível que a Petrobras apresente alguma dificuldade financeira

Felipe Moreno

Visão aérea da plataforma P-52 da Petrobras na Bacia de Campos. 28 de novembro de 2007. REUTERS/Bruno Domingos

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SÃO PAULO – A Standard & Poor’s destacou a “boa flexibilidade financeira” da Petrobras (PETR3; PETR4) pelo fato da companhia ser controlada pelo governo, nesta última segunda-feira (9). Isso elimina os riscos de calote da petrolífera, já que a companhia deve ser resgatada pelo Estado brasileiro em caso a companhia não consiga honrar com os seus compromissos. 

A estatal, a mais endividada do mundo, portanto, recebe a classificação BBB, o mesmo que o Brasil. Individualmente, receberia a nota BBB-, mas há uma probabilidade “muito alta” que o governo lhe proveria suporte extraordinário no caso de dificuldades financeiras.

Graças ao seu extensivo plano de investimentos de US$ 236 bilhões nos próximos anos, é possível que a Petrobras apresente alguma dificuldade financeira. A empresa deverá apresentar fluxo de caixa operacional negativo até 2015, o que força a companhia a se endividar em uma quantia entre R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões nos próximos anos.

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Mesmo assim, a empresa pode ficar tranquila em relação ao seu rating. “As perspectivas positivas de negócios da empresa em sua divisão de E&P, seu acesso provado ao mercado de capitais e sua flexibilidade financeira muito boa – graças ao seu controle governamental – mitigam os pesados gastos e necessidades de financiamento”, afirmam os analistas Luciano Gremone e Renata Lofti.

Ela não deverá ser rebaixada, porém, já que os ratings da petrolífera seguem o rating nacional. Somente se a nota de crédito individual, chamada de SACP for rebaixada para B+, diversos níveis abaixos, que a a Petrobras seria rebaixada. Isso, acreditam os analistas, é muito improvável de acontecer. 

É igualmente improvável que a companhia reduza o ritmo de seus investimentos. “Essa expansão é altamente estratégica não só para a Petrobras como também para o setor de óleo e gás do país e indiretamente para a economia brasileira”, afirmam os analistas da S&P.

Com isso, a situação financeira deverá, de fato, ficar complicada – principalmente pelos esforços do governo em conter a inflação usando a Petrobras. Mas isso mudará se a empresa conseguir cumprir suas metas de produção. “Em um prazo mais longo, os fluxos de caixa adicionais provenientes do aumento da produção, redução de produtos importados e elevação gradual nos preços do combustível no mercado doméstico fortalecerão as métricas de crédito da empresa e seu balanço patrimonial”, terminam.